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Deslocados de Cabo Delgado pedem mais condições em Chimoio

Bernardo Jequete (Chimoio)
9 de fevereiro de 2024

Deslocados de Cabo Delgado reassentados na cidade de Chimoio, na província de Manica, apelam a melhores condições de vida na região onde foram albergados. Edilidade local diz que está a trabalhar para atender pedidos.

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Mais de 150 deslocados de Cabo Delgado encontraram refúgio no bairro Citanha, na cidade de Chimoio
Foto: Bernardo Jequete/DW

Mais de 150 deslocados de Cabo Delgado encontraram refúgio no bairro Citanha, na cidade de Chimoio, no centro de Moçambique. São pessoas que fugiram das suas zonas de origem temendo ameaças e ataques terroristas.

Abandonaram tudo o que possuíam, incluindo casa, gado, produção agrícola e outros bens em seis distritos, nomeadamente Muidumbe, Quissanga, Palma, Mocímboa da Praia, Nangade e Macomia.

Longe de casa, os deslocados também encontraram dificuldades para sobreviver e agora pedem apoio às autoridades locais de Manica.

Falta energia elétrica

"Ainda não temos corrente aqui", lamenta Isabel Januário, uma das várias deslocadas reassentadas em Chimoio que diz que a energia faz muita falta na região. Com corrente elétrica, os deslocados poderiam desenhar planos de negócio e obter eletrodomésticos, nomeadamente congeladores, televisores, aparelhos de som e outros.

"As crianças estão a chorar para poderem assistir às novelas, bonecos, jornal. É muito bom assistir ao jornal, porque podemos acompanhar as coisas que estão a acontecer em Cabo Delgado, lá de onde saímos, e acompanhar também o que acontece na nossa província", explica.

"Estamos na escuridão, parece que ainda estamos de luto mesmo. É por isso que estamos a pedir energia", apela ainda Isabel Januário, acrescentando que também há falta de campos para a agricultura, para que os deslocados possam sair da dependência a que estão sujeitos.

Deslocados pedem energia elétrica e campos agrícolas para terem uma vida melhor no bairro
Deslocados pedem energia elétrica e campos agrícolas para terem uma vida melhor no bairroFoto: Bernardo Jequete/DW

"Estamos a pedir machambas"

"Em Cabo Delgado, colhíamos arroz, milho e mandioca, recorda a deslocada. "Por isso, estamos a pedir machambas, mas ainda não nos deram resposta para pelo menos conseguirmos qualquer coisa para os nossos filhos."

Simão Pedro concorda que o fornecimento de energia elétrica e campos agrícolas mudaria significativamente a vida dos deslocados no bairro. "Porque com as machambas muita coisa será minimizada", exemplifica o deslocado.

"Não podemos ficar muito tempo só confiando no Governo, temos de trabalhar para obter comida. E a corrente elétrica vai ajudar-nos muito. Nessa via passamos à noite e há muitos bandidos", explica.

Habitantes de Cabo Delgado fugiram das suas zonas de origem, temendo ameaças e ataques terroristas
Habitantes de Cabo Delgado fugiram das suas zonas de origem, temendo ameaças e ataques terroristasFoto: Bernardo Jequete/DW

Edil promete tomar medidas

O presidente do Conselho Municipal de Chimoio diz que é legítima a preocupação dos deslocados, assegurando que, em coordenação com o Governo do distrito de Chimoio, brevemente será mobilizado um ponto de transformação e postes de iluminação pública no bairro.

"Oportunamente vai se puxar energia para onde estão os deslocados, isso em parceria com o distrito da cidade de Chimoio juntamente com a Eletricidade de Moçambique (EDM). Em termos de campos agrícolas, está a estudar-se para onde realmente pode ser, se perto ou mais longe", adianta João Ferreira.

O edil também prometeu que a edilidade vai fazer todos os possívels, dentro dos próximos dias, para tentar responder às exigências dos deslocados, visando dar a melhor qualidade de vida aos munícipes sem distinção da "cor, raça e etnia ou cor partidária".

O lema "é dar melhor qualidade de vida a todos os munícipes independentemente da sua origem ou pensamento político, estamos aqui para ajudar para todos", assegura João Ferreira.

Moçambique: Deslocados refazem vida em Chimoio