Eleições de outubro: O que os jovens moçambicanos esperam?
17 de setembro de 2024À medida que as eleições gerais de Moçambique se aproximam, as conversas sobre o futuro do país dominam as ruas. Entre a juventude, há expetativas mistas, oscilando entre a esperança por mudanças e o ceticismo em relação ao impacto destas eleições, marcadas para 9 de outubro.
Em outubro, Stélio Naftal, de 31 anos, votará pela segunda vez. Para ele, a esperança num país melhor, com mais oportunidades de emprego, ainda existe, mas é moderada:
"Eu anseio por mudanças, sobretudo no que diz respeito ao desemprego. Num país em que os jovens se encontram desempregados, obviamente que não haverá crescimento a nível económico, porque estamos a assumir que a produtividade é baixa", explicou Stélio.
Expectativas moderadas
Essa mistura de esperança e ceticismo é comum entre os jovens.
Manecas, um estudante de 27 anos, que também votará pela segunda vez nas eleições gerais, partilha uma visão semelhante. Para ele, embora o novo Presidente possa tentar mudar o país, o processo será longo e desafiador.
"Acredito que o próximo Presidente pode até tentar mudar o país, mas há ainda muito trabalho por fazer e que vai levar muito tempo para se concretizar."
"Acredito que o próximo Presidente pode até tentar mudar o país, mas há ainda muito trabalho por fazer e que vai levar muito tempo para se concretizar", afirmou.
Ana, de 34 anos, tem uma expectativa de melhorias e espera que os futuros líderes ouçam mais as preocupações do povo.
"Nós esperamos que ouçam as preocupações do povo e que nos tragam um Moçambique melhor do que temos hoje e do que tivemos ontem", sublinhou Ana.
O papel dos políticos
Em entrevista à DW, Lázaro Mabunda, jornalista e analista político, comentou sobre as promessas dos partidos políticos durante a campanha eleitoral. Segundo ele, as promessas feitas até ao momento têm correspondido às expectativas dos jovens, especialmente no que diz respeito ao emprego, mas faltam detalhes claros.
"Os partidos políticos pecam porque fazem promessas de emprego, mas não dizem como vão suprir essa necessidade. Isto demonstra que eles não têm estratégia para resolver os problemas dos jovens", criticou Mabunda.
Mabunda também destacou que o ceticismo dos jovens poderá refletir-se nas urnas, com uma possível abstenção em larga escala.
"Onde há desconfiança política por parte dos cidadãos, é normal que haja sempre uma tendência de abstenção. Mas as pessoas podem também estar desmotivadas devido ao risco ou probabilidade do voto [não] ser convertido em resultados que realmente mudem a vida das pessoas", analisou o especialista, referindo-se ao impacto da desilusão política.
De acordo com dados de 2022, a taxa de desemprego em Moçambique rondava os 18,4%, uma realidade que pressiona ainda mais os partidos políticos a oferecer soluções práticas.