China é o maior parceiro económico de África
28 de junho de 2017Uma nova investigação da consultora norte-americana McKinsey & Company revela que o investimento chinês em África tem mais facetas do que estudos anteriores sugeriam.
Para este estudo, divulgado na quarta-feira (28.06), a consultora ouviu 100 líderes empresariais e de Governos africanos e mil gerentes e proprietários de empresas chinesas em oito países africanos.
A conclusão, segundo Omid Kassiri, diretor associado da McKinsey & Company, é que "há 10 mil empresas chinesas que já operam em África, quatro vezes mais do que noutras estimativas e em mais setores do que se pensava."
Kassiri diz que o investimento chinês tem sido particularmente notório ao nível do Investimento Estrangeiro Direto (IED), da transferência de tecnologia e na criação de postos de trabalho.
Uma relação para durar
As empresas chinesas parecem estar a obter bons lucros em África: Quase um quarto das mil empresas entrevistadas disse ter tido um retorno do investimento inicial ao longo do primeiro ano. Um terço das empresas registou margens de lucro de mais de 20%.
Há empresas privadas chinesas de várias dimensões a operar em setores tão diversos como a construção ou os serviços. A maioria atua na indústria.
"As empresas chinesas são responsáveis por 12% do volume da indústria africana. Na China, muitas delas têm a exportação como propósito, mas em África muitas empresas chinesas estão a atender as necessidades e o consumo domésticos", afirma Omid Kassiri.
No estudo, a maioria dos empresários mostra-se otimista quanto ao seu futuro no continente. Na última década, o comércio entre a China e o continente africano cresceu a uma média de 20 por cento ao ano. O Investimento Estrangeiro Direto cresceu ainda mais rapidamente: cerca de 40% por ano.
Potencial para mais
O estudo da consultora McKinsey & Company faz ainda recomendações para que a relação económica entre os dois lados seja sustentável.
"Quando se reconhece que a China é o único grande parceiro económico, é preciso criar uma estratégia específica", comenta Kassiri. "É necessário pensar em várias questões: Como cooperar com os chineses ao nível das infraestruturas? Ou como promover as suas próprias agendas de industrialização?"
O relatório aponta três grandes benefícios económicos da atividade chinesa para África: A criação de empregos e o desenvolvimento de habilidades dos funcionários locais, a transferência de conhecimento e novas tecnologias, e o financiamento e desenvolvimento de infraestruturas.
Mas tanto os Governos, como os trabalhadores africanos reconhecem a necessidade de melhorias significativas, como o aumento do abastecimento das empresas chinesas por firmas africanas, atualmente na casa dos 47%, e mais posições de gerência para os funcionários locais, atualmente na casa dos 44%.
Enquanto as empresas chinesas citam a segurança pessoal e a corrupção em alguns países como as suas principais preocupações, para os líderes africanos, as barreiras linguísticas e culturais são o problema.
Omid Kassiri, da McKinsey & Company, acredita que, apesar das divergências, o fluxo de negócios entre a China e África deve crescer ainda mais nos próximos anos: "Apesar de ter havido um boom nas atividades entre ambos os lados, acreditamos que há um espaço significativo para um aumento. Descobrimos que, atualmente, há cerca de 180 mil milhões de dólares de receitas [das empresas chinesas] nos negócios feitos no continente. Acreditamos que este valor poderá crescer para 440 mil milhões [de dólares] em 2025."