Etiópia e rebeldes acordam retirada de tropas da Eritreia
23 de dezembro de 2022"O acordo assinado pelas duas partes estabelece a retirada de todas as forças estrangeiras. Portanto, e sem mencionar nomes, todas essas forças estrangeiras deixarão a região de Tigray", disse o ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta, que participou nas conversas como mediador.
Durante mais de dois dias, representantes de Tigraye do Governo central etíope reuniram-se na capital queniana para chegar a este último acordo.
A UA deu os parabéns a ambas as partes num comunicado emitido após o pacto, "pelas medidas positivas de construção de confiança" e encorajou-as "a continuar os seus esforços para restaurar a paz, segurança e estabilidade na Etiópia".
Fontes diplomáticas disseram à agência EFE que a organização pan-africana já montou uma equipa para monitorizar e verificar o cumprimento do acordo, formada por especialistas militares do Quénia, África do Sul e Nigéria.
A guerra começou em 4 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma repressão da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) em resposta a um ataque a uma base militar federal e após uma escalada de tensões políticas.
Embora os números exatos não estejam disponíveis, milhares de pessoas morreram e cerca de dois milhões foram deslocadas devido ao conflito.
UE disponível para apoiar aplicação de acordo
A União Europeia (UE) felicitou já o Governo etíope e os rebeldes da província do Tigray pelo acordo de paz recentemente alcançado e manifestou-se pronta para ajudar na sua aplicação.
Uma declaração assinada pelo Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, felicita o papel de mediação do Painel de Alto Nível da União Africana, "que conduziu ao acordo, que representa um passo importante para a paz e a reconciliação na Etiópia".
Borrell salientou que a aplicação do acordo de paz "requer uma liderança forte e um mecanismo de monitoramento robusto e sustentável" para garantir, entre outras coisas, que todas as partes respeitem a cessação das hostilidades, abrindo caminho para a recuperação, reconstrução e reconciliação".
O chefe da diplomacia da UE acrescentou ser importante uma resposta adequada e bem coordenada às grandes necessidades humanitárias no norte da Etiópia, bem como noutras zonas do país. "É essencial o acesso humanitário desimpedido a todos os necessitados e a plena restauração dos serviços básicos em todas as áreas", afirmou.
Borrell também reiterou o apelo europeu "para a retirada imediata e completa das tropas eritreias da Etiópia".