Delegação do Governo da Etiópia chega a Tigray
27 de dezembro de 2022Uma delegação do governo federal da Etiópia chegou este domingo (26.12), à cidade de Mekelle, no norte do país, palco dos confrontos com os rebeldes da Frente Popular de Libertação de Tigray.
É a primeira visita de uma delegação governamental, após mais de dois anos do início do conflito armado na região, que já provocou a morte de milhares de pessoas e tantas outras foram obrigadas refugiarem-se em países vizinhos com destaque para o Sudão.
À imprensa local, o chefe da delegação governamental, Tagesse Chafo, considerou que a chegada à Mekelle é "uma prova de que o acordo de paz, está no caminho certo e está a progredir."
Por seu turno, o porta-voz das autoridades do Tigray, Getachew Reda, referiu através de uma publicação na rede social Twitter, tratar-se de "um passo importante", com "discussões frutíferas" e "entendimento importante".
Para o antigo chefe de Estado queniano Uhuru Kenyatta - um dos mediadores do acordo de paz, assinando a 2 de novembro em Pretória, na África do Sul - esta visita permite que "uma equipa de monitoria e verificação da União Africana tenha pleno acesso ao local, para assegurar que todos os elementos dos acordos vão ser efetivamente implementados."
O acordo de paz assinado entre o governo federal etíope e os rebeldes de Tigray prevê, entre outros aspetos, o desarmamento das forças rebeldes, a restauração da autoridade federal no Tigray e a reabertura do acesso à região.
Desde assinatura do acordo de paz, os rebeldes anunciaram que já "desmobilizaram" 65% dos seus combatentes das linhas de frente, a capital, Mekelle que voltou a estar ligada à rede elétrica nacional.
Ajuda humanitária desbloqueada
O cessar-fogo na região está a permitir o envio de ajuda humanitária à região, onde organizações humanitárias solicitam mais apoios urgentes para os mais de 6,5 milhões de habitantes locais.
Alexander Sultan-Khan, em representação da Cruz Vermelha Internacional, diz que entre as prioridades está a questão sanitária: "As necessidades de saúde são certamente uma das nossas prioridades, também temos que apoiar estas populações com alimentos."
De acordo com as autoridades sanitárias locais, várias crianças com menos de cinco anos estão subnutridas.
"Não podemos salvar algumas destas crianças apenas com medicamentos, elas precisam de comida. E nós ainda não recebemos comida. As crianças estão em perigo", disse Gebremedhin Berhe, citado pela Reuters.
A ministra etíope da Saúde, Lia Tadesse, reconhece o problema e garante que o governo federal está a mobilizar apoios junto dos seus parceiros.
"Esperamos continuar a fazer mais, porque a necessidade, como podem ver, é enorme. O nosso plano de resposta nos próximos seis meses necessitará de cerca de 145 milhões de dólares", concluiu.