Nyusi toma posse para segundo mandato em Moçambique
15 de janeiro de 2020A investidura de Filipe Nyusi para um segundo mandato no cargo de chefe de Estado decorreu esta quarta-feira (15.01) na Praça da Independência, em Maputo.
Os resultados eleitorais deram, para além de uma vitória confortável a Filipe Nyusi com 73%, uma maioria qualificada à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na Assembleia da República.
No seu discurso após a investidura, Nyusi disse que esta composição do Parlamento não pode reduzir a importância do debate de ideias, sublinhando que aquele órgão representa todos os moçambicanos. Falou também das prioridades do seu novo mandato, tendo dito que irá apostar na preservação da paz como prioridade absoluta e condição indispensável do desenvolvimento.
"Continuaremos, nem que isso nos custe a vida, a defender e promover a paz", afirmou Filipe Nyusi. "Estimularemos o diálogo franco e aberto. A nossa força vem da nossa diversidade e da nossa riqueza social e cultural."
Nyusi reiterou ainda que assume, mais uma vez, o compromisso de ser o Presidente de todos os moçambicanos: "A nossa agenda é desenvolver Moçambique, é fazer com que esse desenvolvimento não seja feito a custo da injustiça, da prepotência e da desigualdade."
Oposição não esteve presente
Os partidos da oposição com assento parlamentar não marcaram presença na cerimónia de tomada de posse de Filipe Nyusi.
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) não reconhecem os resultados eleitorais, alegando que são fraudulentos.
Para o analista Egídio Vaz, a ausência da oposição "é mais uma manifestação política, já que se trata de convite e não convocatória e, portanto, a presença não era necessariamente obrigatória."
Luta contra a corrupção
Um outro tema abordado por Filipe Nyusi durante o discurso de tomada de posse está relacionado com a corrupção. O Presidente garantiu que não haverá tréguas na luta contra este mal e "não haverá pequenos e grandes corruptos tocáveis e intocáveis".
"Neste exercício de combate à corrupção, nos distanciaremos dos que pretendem substituir a ação institucional da Justiça por uma operação de caça às bruxas", disse Nyusi.
O chefe do Estado prometeu que, para o novo ciclo governativo, continuará a colocar na agenda central as áreas das infraestruturas, economia, energia, turismo e pesca. Atenção especial será prestada, igualmente, à agricultura e à industrialização do país. Nyusi indicou que "todas estas atividades contribuirão de forma significativa para a criação de emprego para os jovens."
Inclusão
O Presidente prometeu também promover a inclusão, mas, como explicou mais tarde num almoço a propósito da sua investidura, "a inclusão não resulta da simples atribuição de cargos a quem é da oposição".
"A inclusão é muito mais do que acomodação de um grupo restrito de compatriotas, seja qual for a sua origem. Incluir é ouvir os que pensam diferente, incluir é dar oportunidades iguais a todos, incluir é exercer justiça social, é promover o emprego", afirmou.
Para o analista Egídio Vaz, o discurso de Nyusi correspondeu às expetativas, na medida em que passou em revista os principais elementos da sua governação futuros: "Eu vejo este seu discurso de empossamento como uma antecâmara daquilo que vai ser o plano quinquenal do Governo."
A cerimónia de investidura de Filipe Nyusi contou com a participação de deputados da FRELIMO e dirigentes dos órgãos de soberania. Cerca de três mil convidados nacionais e estrangeiros, incluindo mais de 10 chefes de Estado e de Governo, marcaram presença na cerimónia.
O novo Governo será anunciado nos próximos dias, referiu Filipe Nyusi. O chefe de Estado moçambicano prometeu formar um Executivo prático, focalizado nos resultados, e adiantou que mais de 60% dos membros do novo Governo serão caras novas, privilegiando a juventude e o equilíbrio do género.
Artigo atualizado às 17:47 (CET).