Governo e RENAMO ultimam detalhes para encerrar bases
14 de abril de 2022O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado do maior partido da oposição moçambicana foi retomado, depois de uma paralisação temporária. A dúvida é como será conduzido, uma vez que a própria Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) reconhece que houve falhas na primeira fase.
Hermínio Morais, membro da comissão política nacional do maior partido da oposição, esteve há dias na província da Zambézia e alertou para a existência de pequenos problemas nos primeiros grupos de guerrilheiros que foram desarmados das províncias de Manica, Sofala e Tete.
"As pessoas foram desarmadas e integradas na sociedade, mas até este momento alguns vivem em casas alugadas, parou o subsídio de reintegração de um dia para o outro e podem ser escorraçados das casas onde estão a arrendar", destacou.
Pormenores estão a ser ultimados
Depois de um encontro entre o líder da RENAMO, Ossufo Momade, e o Presidente da República, Filipe Nyusi, na semana passada, foi anunciada a criação de um grupo que se vai debruçar sobre o problema dos atrasos nas pensões dos ex-guerrilheiros.
Além disso, prevê-se o encerramento das últimas cinco bases militares da RENAMO. Como é que isso será feito? O secretário-geral da RENAMO, André Magibire, disse esta quarta-feira (13.03), em Quelimane, que os pormenores ainda estão a ser ultimados.
"Houve um encontro a 5 de abril, no qual os dois dirigentes acordaram em retomar o processo de DDR. Neste momento está a ocorrer a calendarização por parte do secretariado que assiste a comissão dos assuntos militares. Já que iniciou, temos que ter paciência", afirmou.
As últimas bases militares da RENAMO
A notícia do encerramento das últimas cinco bases militares da RENAMO foi festejada em Murotone, no distrito de Mocuba, a norte da província da Zambézia.
Dois guerrilheiros da base militar, que pediram para não serem identificados, disseram à DW África que estão prontos para entregar as armas.
"Estamos a cumprir a situação aqui. É muito grave. Não temos meios. Estamos a viver só por viver, não temos regalias. Só estamos à espera do DDR. Temos esperança, mas até agora as ordens ainda não chegaram para que sermos desarmados, reintegrados ou desmobilizados", disse um deles.
Outro guerrilheiro confessou que tem contado os dias à espera do DDR: "Estamos mal, a sofrer. Esperávamos que fossem desmobilizados até este momento, pode ser amanhã ou hoje, estamos dispostos."
Um terço dos cinco mil guerrilheiros da RENAMO ainda não depôs as armas. Segundo a Presidência moçambicana, as últimas bases militares do partido deverão ser encerradas "nas próximas semanas".