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Médicos e enfermeiros da Guiné-Bissau sem salários há um ano

Iancuba Dansó (Bissau)
13 de janeiro de 2022

Técnicos de saúde guineenses que estão há um ano sem receber salários prometem uma luta incessante para fazer valer os seus direitos. Médicos e enfermeiros acusam o Governo de falta de interesse em resolver o problema.

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Ärzte und Krankenschwestern in Guinea-Bissau
Foto: Iancuba Dansó/DW

Ao todo são mais de mil técnicos de saúde, entre médicos e enfermeiros, que estão sem salários desde que foram recrutados pelo Ministério da Saúde Pública e começaram a trabalhar, em janeiro de 2021.

Depois de um longo período de espera e na expetativa de os seus problemas serem resolvidos, a situação continua num impasse. Esta quinta-feira (13.01) realizaram uma conferência de imprensa, na sede da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), para denunciar o "sofrimento".

"A nossa reivindicação consiste num único ponto: o pagamento de 12 meses de salários em atraso. Fomos colocados em janeiro de 2021 e estamos agora em janeiro de 2022, sem que recebéssemos nem um mês de salário. 12 meses sem salários é falta de interesse pelo setor de saúde na Guiné-Bissau", disse à DW África o porta-voz do coletivo dos técnicos, Inussa Intchasso.

Conferência de imprensa, em Bissau, do coletivo dos técnicos de saúde
Conferência de imprensa, em Bissau, do coletivo dos técnicos de saúdeFoto: Iancuba Dansó/DW

O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Vitorino Indeque, lamenta a situação e apela à sua resolução: "Nós defensores dos direitos humanos e pessoas que entendem que estamos num Estado de Direito, em que os direitos têm de ser assegurados, estamos perante o direito laboral, em que as pessoas que trabalham não estão a ser pagas, é preocupante."

Por isso, Vitorino Indeque assegura que a Liga vai "continuar a acompanhar este grupo de cidadãos e técnicos de uma área tão sensível que é a da saúde".

A luta continua

Na terça-feira (11.01), os técnicos de saúde tentaram realizar uma manifestação de rua para exigir o pagamento de um ano de salários, mas a atividade foi interrompida pelas forças da ordem, pouco depois de ter iniciado.

Contudo, Inussa Intchasso garante que a luta vai continuar: "Não nos podemos calar perante a violação flagrante dos nossos direitos. Por isso, apelamos aos colegas [técnicos de saúde] para, nesses dias, entabularmos os contactos com outras entidades, para no dia 27 [de janeiro] mobilizarmos mais uma vez e sairmos às ruas e realizarmos a marcha."

A DW África tentou, sem sucesso, ouvir o Ministério Administração Pública, Trabalho e Emprego, sobre o assunto. Mas uma fonte do Ministério das Finanças garante que ainda não é desta que os técnicos de saúde vão receber os salários, porque a sua dívida "não está contemplada no Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano".

Todos os anos, o Estado recruta técnicos de saúde, formados em diferentes escolas estatais e privadas, para suprir as dificuldades no setor, dando-lhes emprego direto, uma situação que tem levado vários jovens, com o ensino secundário concluído, a procurar os cursos de enfermagem ou de medicina.

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