Merkel pede mais transparência em África
20 de novembro de 2019A receção de líderes africanos em Berlim tornou-se rotina para a chanceler alemã, Angela Merkel, desde o início da iniciativa "Compact with Africa", em 2017. Mas o interesse parece estar agora a diminuir: apenas sete chefes de estado dos 12 países do projeto estiveram presentes na reunião desta terça-feira (19.11).
No entanto, Angela Merkel continua a defender que o projeto que visa aumentar os investimentos privados nos países africanos já fez progressos, apesar dos desafios que permanecem.
"Acreditamos e estou profundamente convencida que mais transparência pode atrair mais investidores, porque é muito importante para a Alemanha ou para outros investidores do G20 e das prequenas e médias empresas que a confiança e a transparência prevalecem para que se saiba onde investir e em que condições", disse a chanceler alemã.
Investimento em África
Merkel garante que o Governo alemão tem feito esforços para fomentar investimentos privados em África. Só no ano passado, Berlim lançou um fundo de investimento de mil milhoes de euros para apoiar projetos de empresas alemãs e africanas.
Paralelamente à cúpula deste ano, o ministério alemão da Cooperação e Desenvolvimento assinou vários contratos, incluindo um acordo de fornecimento de água na Tunísia, uma fábrica de chocolate no Gana e a expansão de uma fábrica têxtil, também no Gana.
Já o Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, admitiu em Berlim que os investimentos privados são cruciais na região. "Para cooperar com África e fortalecer o mercado interno, os investimentos têm um papel importante. Nos últimos anos, mostrámos que África é uma das regiões mais fortes em termos de desenvolvimento e comércio".
De acordo com al-Sissi, há muitos desafios a serem enfrentados no continente, "como a pobreza e as alterações climáticas". Por isso, frisou o Presidente egípcio, "precisamos de fazer um apelo ao mundo para ajudar África. Temos potencial, forte vontade política, visão".
Críticas ao "Compact with Africa"
Porém os críticos da iniciativa dizem que os efeitos no terreno são insignificantes. Os números oficiais mostram apenas um aumento escasso no investimento estrangeiro nos 12 países do projeto "Compact with Africa".
Os críticos dizem ainda que o projeto pouco faz para combater a pobreza em África, como comenta Nene Morisho, diretor do Instituto Pole da República Democrática do Congo.
"Quando se investe numa comunidade, onde a maioria da população não tem acesso a comida, água ou assistência médica, esses investimentos não devem apenas olhar para o lucro. Deve ter-se em conta o contexto social. É isso que sinto falta no 'Compact with Africa'".