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RENAMO pede investigação sobre ocorrência de mortes

26 de novembro de 2019

Em Quelimane, na província central da Zambézia, FRELIMO acusa edilidade dirigida pela RENAMO de desvio de dinheiro destinado a sepultar quase 150 corpos não reclamados. RENAMO não responde acusações.

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Hospital Central de Quelimane, província central da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

A FRELIMO, partido no poder em Moçambique, acusa a edilidade de Quelimane, governada pela RENAMO, maior partido da oposição, de ter sepultado 147 corpos numa vala comum num cemitério municipal.

Segundo acusação da bancada da FRELIMO, esta foi a solução encontrada pela RENAMO, depois de desviar fundos destinados ao fabrico de caixões para corpos não reclamados nas unidades de saúde de Quelimane.

A RENAMO pede por isso uma investigação ao elevado índice de mortes no Hospital Central de Quelimane.

Naquela unidade sanitária são recolhidos semanalmente mais de 15 corpos abandonados na morgue, segundo o vereador para área de saúde no Concelho Autárquico de Quelimane, Celso Malua.

Dinheiro de caixões foi desviado

Na sessão ordinária do Concelho Autárquico de Quelimane, esta semana, Celso Malua, deputado da FRELIMO, falou mesmo em violação dos direitos humanos.

"Tivemos o registo nesse período em análise de cerca de 147 corpos não reclamados, 10 de adultos e 137 de crianças e todos esses corpos foram enterrados numa vala comum o que é desumano por parte do concelho autárquico.”

Mosambik Quelimane Stadtrat
Concelho Autárquico de Quelimane Foto: DW/M. Mueia

A FRELIMO acusou a edilidade governada por Manuel de Araújo de ter desviado dinheiro que se destinava a compra de caixões.

"Existem verbas para atender esse tipo de situações. É lamentavel para nós a bancada da FRELIMO termos aprovado o orçamento e o dinheiro foi desviado e nem se quer um caixão foi feito para atender esse tipo de situações”, acusou Malua.

A RENAMO escusou-se a responder a acusação de desvio de fundos, mas admite que não há dinheiro suficiente para fabricar caixões para todos os corpos não reclamados nas unidades de saúde, especialmente no Hospital Central de Quelimane.

Costa Amado, deputado da bancada da RENAMO e vereador para a área de saúde em Quelimane, disse que "nós temos esta obrigação de todas as quartas-feiras passarmos pelo Hospital Central de Quelimane para ver se há corpos não reclamados e recolhê-los”.

A RENAMO referiu que os corpos não reclamados são de crianças e questiona: "Imagine o número de mortes que acontecem? Cada dia que vamos lá encontramos número elevado de corpos. Não há capacidade para o Concelho Municipal ter caixões para toda aquela gente, não é possivel”.

Investigar as causas do excesso de corpos

Costa Amado defende a criação de uma equipa para investigar as causas do que diz ser "um excessivo número de mortes” no hospital.

RENAMO pede investigação sobre ocorrência de mortes

O deputado da RENAMO diz que se deve repensar no caso porque o número de crianças mortas é crescente no Hospital Central de Quelimane: "As pessoas deviam procurar as razões dessas mortes, o que é que está a acontecer no nosso hospital? Essa seria a primeira preocupação que as pessoas deviam perceber. Somos obrigados a recolher corpos se não aquilo ficaria sem espaço”.

Direção do hospital desmente "muitas mortes”

O Diretor do Hospital Central de Quelimane, Ladino Suade, rejeita estas declarações da RENAMO e garante que não "se morre muito” nesta unidade:

Ladino Suade explicou que a taxa de mortalidade no hospital era de 11% e agora baixou para os 8% e garante que "o hospital está a funcionar bem e não tenham receio porque nós temos muitas especialidades que outros hospitais não dispôem”.

Para o especialista em saúde Jorge Fernandes não é problema enterrar corpos não reclamados numa vala comum.

Lembrou que as valas comuns existem em todos os cemitérios oficiais em Moçambique, pois as mortes acontecem em vários locais.

"Nesses trinta dias, espera-se que os familiares reclamem os corpos.  Se não for reclamado o que vai se fazer? Juntam-se os corpos e vão ser enterrados em vala comum porque não se pode pôr uma identificação pois não se sabe quem é”, esclarece Fernandes.

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