Moçambique: "Maioria das exigências dos médicos resolvida"
28 de julho de 2023"Todas as questões que deviam ser resolvidas durante o mês de julho, a maior parte delas estão resolvidas", disse esta sexta-feira, sem detalhar, o diretor nacional de Saúde Pública, Quinhas Fernandes, num breve contacto com os jornalistas em Chimoio, Manica, centro de Moçambique.
A terceira fase da greve dos médicos em Moçambique arrancou a 10 de julho, com a paralisação de 21 dias, prorrogáveis. Os médicos protestam contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, entre outras reivindicações, que tem feito aumentar o tempo de espera dos doentes nas diferentes unidades sanitárias do país.
Greve continua?
A Associação Médica de Moçambique (AMM), que convocou esta paralisação, vai decidir hoje, em reunião nacional, se a prorroga por outros 21 dias.
"Nós, como classe, teremos uma reunião nacional esta sexta-feira onde vamos decidir a prorrogação desta greve por mais 21 dias, mas queremos anunciar que não existem, neste momento, condições para suspender a segunda fase da terceira greve dos médicos", afirmou na quarta-feira o presidente da AMM, Milton Tatia.
A associação estimou anteriormente que 78% dos médicos de um universo de 3.000 profissionais na função pública estejam em greve, enquanto o Governo tem mobilizado médicos militares para colmatar as dificuldades em algumas unidades.
Entretanto, o Ministério da Saúde garantiu que o problema de enquadramento estaria completamente resolvido até ao dia 13 de julho, o que, segundo a AMM, não aconteceu.
Subsídios de risco e de trabalho noturno
Os médicos justificam a possibilidade de prorrogação da greve de 21 dias com a alegada existência de um documento enviado à classe sobre a revisão do regulamento do estatuto dos médicos, que acusam pretender reduzir e eliminar direitos.
"O Ministério da Saúde pretende reduzir e, de certa forma, eliminar ainda mais os nossos direitos. Pretende eliminar os subsídios de risco, a compensação pelo trabalho noturno. Pretendem, também, eliminar a diferenciação do cálculo da remuneração extraordinária para médicos", disse anteriormente Milton Tatia.
A AMM refere que, durante o processo negocial com o Governo, cederam em alguns pontos do caderno reivindicativo, como no caso da redução do subsídio de exclusividade que passou de 40 para 5%, do subsídio de risco de 30 para 5%, e do subsídio de turno, que caiu de 30 para 5%.
"Nós temos consciência das dificuldades que o nosso país enfrenta, o que nós não percebemos é que, no meio dessas dificuldades, estão a ser realizados seminários e formações, com todos os custos que acarretam", criticou igualmente.