Moçambique: Polícia acusa RENAMO de assassinatos
1 de março de 2017As vítimas mortais são Ernesto Govene, que era secretário do círculo pertencente à FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), o partido no poder, e Fátima Muetui, esposa do líder comunitário Azarias Massingue, que ficou gravemente ferido.
Juma Aly Dauto, porta-voz da Polícia no comando provincial de Inhambane, disse em conferência de imprensa que os autores dos assassinatos poderão ser membros do maior partido da oposição, a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana).
O crime aconteceu na madrugada de domingo (27.02.), dentro das residências das vítimas no bairro 25 de Junho, em Funhalouro. As autoridades falam em dez homens armados. O porta-voz da Polícia afirma que alguns estavam vestidos com fardas normalmente usadas pela guerrilha da RENAMO.
E isso leva Juma Aly Dauto a concluir o seguinte: "Leva-nos a crer que são indivíduos da RENAMO que num passado recente estiveram a protagonizar ataques às populações aquela zona. Dispararam contra o líder comunitário local, de 66 anos de idade, provocando-lhe ferimentos graves e alvejaram mortalmente a esposa. Em seguida dirigiram-se à residência do secretário do círculo e alvejaram-no até à morte."
Polícia receia deslocamento da população
O porta-voz do comando provincial da Polícia em Inhambane mostra-se preocupado com os assassinatos. E assegura que a corporação já está no terreno a investigar o caso: "Nós estamos preocupados, estamos no momento em que havia sido decretado uma trégua, mas esta parte [RENAMO] ainda continua com os ataques as populações naquela zona. É uma preocupação enorme para as Forças de Defesa e Segurança, mas estamos a fazer o trabalho com vista a neutralizar esses indivíduos ainda a monte."E Juma Aly Dauto acrescenta que "neste momento como a população está atormentada, não é de admirar a deslocação da população para zonas mais seguras tal como ocorreu no passado recente."
Contactado pela DW África, o porta-voz da RENAMO, António Muchanga, não quis prestar declarações sobre o ocorrido. Mas numa mensagem escrita afirma que os assassinatos não tiveram motivações políticas. E que poderá ter-se tratado de um ajuste de contas pessoal. A polícia já afastou a hipótese de crime passional.