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Multidões nas ruas do Zimbabué contra Mugabe

AP | Reuters | AFP | Lusa | EFE | nn
18 de novembro de 2017

Milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades do Zimbabué para exigir a renúncia do presidente, Robert Mugabe. O líder do ZANU-PF parece estar a viver os últimos dias no comando depois de 37 anos no poder.

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Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi

Numa concentração que até há dias teria sido imediatamente reprimida pela polícia, cidadãos do Zimbabué visivelmente alegres saíram às ruas este sábado (18.11) de braços levantados em triunfo, escreve a Associated Press. Alguns dos manifestantes empunhavam cartazes com a imagem do chefe das Forças Armadas, Constantine Chiwenga, que no início desta semana colocou Mugabe sob prisão domiciliária.

Simbabwe Proteste in Harare
Manifestantes empunham cartazes nas ruas de HarareFoto: Getty Images/AFP

As manifestações, designadas "marchas da solidariedade", foram convocadas por mais de uma centena de organizações civis, a união sindical e a influente associação de veteranos de guerra, e contam com o apoio das forças armadas, que controlam este país da África Austral desde terça-feira (14.11).

Os manifestantes foram, no entanto, travados quando se dirigiam para o palácio presidencial para pedir a saída do chefe de Estado, segundo um jornalista da AFP no local. Em sinal de protesto, centenas de populares sentaram-se no chão, a cerca de 200 metros da residência oficial do líder.

Figuras próximas do regime exigem demissão de Mugabe

A discórdia política e o descontentamento atingiram o centro do partido de Robert Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF). Para além da oposição e de várias associações civis, figuras centrais do partido exigem agora o afastamento do líder há 37 anos no poder.

Pelo menos oito dos 10 líderes provinciais pediram a saída de Robert Mugabe da Presidência, segundo anunciou na sexta-feira (17.11) a televisão estatal ZBC, que está sob controlo militar desde quarta-feira (15.11).

Simbabwe Harare Robert Mugabe
Robert Mugabe numa cerimónia esta sexta-feira (17.11)Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Curtis

O dia de ontem (17.11) ficou marcado por uma "mudança”, depois de três dias de crise, com o início das negociações entre os militares e o Presidente de 93 anos, escrevem as agências de notícias internacionais. Pela primeira vez desde a intervenção militar, Robert Mugabe apareceu em público numa cerimónia de graduação numa universidade de Harare.

Intervenção para remover "criminosos”

O Zimbabué vive pela primeira vez uma divergência aberta entre o Presidente, que dirige o país desde 1980, e o exército.

Três explosões fortes foram ouvidas na noite de terça-feira na capital do Zimbabué, com vários veículos militares a saírem para as ruas de Harare. Os militares tomaram diversos edifícios públicos, incluindo a televisão e a rádio estatais, e transmitiram mensagens a garantir que o Presidente e a sua família estavam seguros, mas sob custódia militar.

Numa mensagem transmitida ao país na televisão pública, o major-general Subusiso Moyo disse que os militares estavam "apenas à procura dos criminosos que estão à sua volta e que cometem crimes que causam grande sofrimento social e económico" ao país. "Queremos levá-los à justiça", acrescentou.

Simbabwe Krise Straßenszenen aus Harare
Intervenção militar nas ruas de HarareFoto: Reuters/P. Bulawayo

A tensão escalou na semana passada depois de Mugabe ter demitido o seu vice-Presidente e aliado de longa data, Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, que tinha estreitas ligações com os militares.

Na segunda-feira (13.11), o chefe das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga, condenou a demissão do vice-presidente do país e avisou que o exército poderia "intervir" se não acabasse a "purga" dentro do ZANU-PF, partido no poder desde a independência do Zimbabué.

Robert Mugabe é o chefe de Estado mais velho em funções em todo o mundo.