Obasanjo sai da Guiné-Bissau sem solução. E agora?
11 de fevereiro de 2016O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, promoveu nos últimos dias quatro reuniões para tentar mediar a crise política que afeta o país desde agosto de 2015, depois de o chefe de Estado ter demitido o Governo liderado por Domingos Simões Pereira.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Organização das Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, os cinco principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau, começam a dar sinais de cansaço perante o impasse desta crise política.
Depois do último encontro nesta quarta-feira, 10 de fevereiro, o enviado especial da CEDEAO, Olesegun Obasanjo, mostrava-se visivelmente insatisfeito com a falta de uma solução e abandonou o país no dia seguinte. “Será muito difícil encontrar soluções imediatas se os líderes se mantiverem na sua teimosia e não se unirem para tomar a decisão mais acertada para o bem do povo”, afirmou o ex-presidente da Nigéria.
Obasanjo disse ser urgente que haja um entendimento entre as partes, alertando a liderança guineense de que a comunidade internacional poder estar a ficar cansada dos problemas no país, mas apelou à população guineense que não permitisse aos autores políticos prolongar esta crise por mais tempo e antes de a própria comunidade internacional dar mostras de muito cansaço.
Divergências entre soluções propostas continuam
Enquanto o Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) insiste que o problema pode ser facilmente resolvido por vias judiciais, o Partido para a Renovação Social (PRS) entende que com um diálogo franco e construtivo é possível ultrapassar a crise.“Problemas políticos, segundo o PRS, não têm soluções jurídicas. É preciso dialogarmos, para chegarmos a um entendimento. Esta é a única solução”, afirmou Florentino Mendes Pereira, secretário-geral do partido. “Todos nós sabemos que os guineenses já estão saturados, quanto mais a comunidade internacional”, acrescentou, reforçando a ideia de Olesegun Obasanjo.
Ovídio Pequeno, representante da União Africana na Guiné-Bissau, acredita que o extremar de posições continua a minar os progressos que visam alcançar soluções para a crise. “Eu acho que toda a gente está a enveredar pelo mesmo caminho. Nós, como representantes da Comunidade Internacional, estamos na qualidade de observadores”, afirma.
Já Murade Murargy, secretário executivo da CPLP, que se encontra em Bissau desde 10 de fevereiro, defende que a solução para a crise passa pelos próprios guineenses e que é preciso encontrar uma saída, para que o país se possa concentrar no desenvolvimento. “Ainda não há solução nenhuma, apenas há algumas propostas pelos participantes. Esse é um assunto de guineenses, que são os guineenses que têm de resolver”, afirmou.Nesta quinta-feira já não houve outra tentativa de mediar a situação, já que se sabe de antemão que não irá produzir efeitos desejáveis. Segundo analistas, o PAIGC está a provocar o Presidente da República para que este dissolva o Parlamento, enquanto que o PRS e o grupo de 15 dissidentes do PAIGC que pretendem que o chefe de Estado derrube apenas o governos liderado por Carlos Correia.