"Onda de golpes" marca cimeira da União Africana
7 de fevereiro de 2022Os chefes de Estado e de Governo da UA estiveram este fim de semana reunidos em Adis Abeba,na 35.ª Cimeira Ordinária da organização. Na agenda, entre outros temas, esteve inevitavelmente a proliferação dos conflitos e golpes de Estado no continente.
A cimeira anual da União Africana (UA) chegou ao fim este domingo (06.02) com a organização a condenar a recente "onda" de golpes militares que levou a um número sem precedentes de Estados membros suspensos.
"Cada líder africano na assembleia condenou inequivocamente o padrão ou o ressurgimento, o ciclo ou a onda de mudanças inconstitucionais de Governo", ressaltou Bankole Adeoye, chefe do Conselho de Paz e Segurança da UA.
"Em nenhum momento da história da União Africana tivemos quatro países suspensos em 12 meses: Mali, Guiné-Conacri, Sudão e Burkina Faso", lembrou.
Durante a cimeira, a presidência rotativa da UA passou do Presidente da República Democrática do Congo para o Presidente do Senegal, Macky Sall, que pediu ações mais duras após os golpes: "Na minha opinião, cabe hoje à União Africana trabalhar em medidas ainda mais rigorosas e ainda mais duras para que os autores desses atos possam ser imediatamente sancionados, mas também para que os países que lideram possam ser imediatamente sancionados a todos os níveis".
"Não devemos culpar os outros"
Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da União Africana, rejeitou a tese da interferência externa como uma das justificações dos recentes golpes militares no continente, admitindo que "há problemas intrínsecos e de governação, talvez haja dificuldades, mas não devemos culpar os outros".
"Acredito que devemos assumir responsabilidades e resolver os nossos problemas sozinhos", frisou.
O recém-eleito presidente, Macky Sall, ressaltou que os desafios da União Africana continuam a ser "numerosos e prementes", nomeadamente nos "domínios da paz e da segurança, da luta contra o terrorismo, proteção ambiental, saúde e do desenvolvimento económico e social".
Na cimeira, a organização anunciou ainda a criação de uma comissão para avaliar a controversa acreditação de Israel como Estado observador da organização, que desagradou vários países membros. O conflito da Etiópia e a situação humanitária de Tigray, assim como a resposta do continente à Covid-19 foram temas igualmente abordados pela organização de 55 Estados africanos.