Proibição de marcha não trava mães de ativistas
7 de agosto de 2015O Governo Provincial de Luanda alega que o trajeto escolhido pelas mães e familiares dos ativistas detidos põe em causa a segurança dos órgãos de soberania. Isto porque o local previsto para o final da marcha é o Palácio da Justiça, edifício que alberga a Procuradoria-Geral da República, o Tribunal Constitucional e o Tribunal Supremo. Os manifestantes marchariam também próximo da Assembleia Nacional e do Ministério da Defesa.
As autoridades dizem estar a cumprir o estabelecido na Lei sobre o Direito de Reunião e das Manifestações, que proíbe protestos em lugares públicos "a menos de 100 metros das sedes dos órgãos de soberania, dos acampamentos e instalações de forças militares e militarizadas, estabelecimentos prisionais e sedes dos partidos políticos".
Processo termina dentro de "poucos dias"
Apesar da proibição, a mãe do ativista Mbanza Hamza garante que vai sair à rua, acompanhada de outros familiares dos 15 detidos.
Esta sexta-feira (07.08), Leonor João e outros familiares dos jovens reuniram-se no Palácio da Justiça com o vice-procurador-geral da República, Helder Pitra Gros, a convite da própria Procuradoria.
João diz que, durante o encontro, houve a tentativa de persuadir os familiares a cancelar a marcha com a promessa que o "processo vai terminar dentro de uma semana".
Pitra Gros confirmou, entretanto, aos jornalistas que o processo dos 15 detidos está em fase final de investigação e deverá ficar concluído dentro de "poucos dias".
Interrogatórios
Na quinta-feira (06.08), Filomeno Vieira Lopes, do partido extraparlamentar Bloco Democrático, foi interrogado no Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Os inspetores tentaram saber se o político da oposição tinha conhecimento de um suposto "Governo de Salvação Nacional", que estava alegadamente a ser orquestrado pelo Movimento Revolucionário e que incluiria o seu nome para assumir a pasta de Ministro dos Petróleos.
Vieira Lopes diz ter respondido que nunca houve contactos nesse sentido.
Para o político, a inclusão do seu nome neste processo, assim como de outras figuras da oposição, estará relacionada com uma vontade superior de "encontrar políticos que pudessem estar por detrás dos revolucionários."
A ativista Laurinda Gouveia, do Movimento Revolucionário, também foi interrogada pelo Serviço de Investigação Criminal.
Gouveia contou à DW África que as autoridades tentaram obter nomes das pessoas ou instituições que têm apoiado financeiramente as ações dos ativistas, perguntando-lhe inclusive "quem pagava o aluguer do sítio" onde os jovens se encontravam.