Tensão em Zanzibar após anulação das eleições
3 de novembro de 2015Da mediação para evitar a violência em Zanzibar fazem parte membros da comunidade internacional, como as Nações Unidas e a União Europeia. Pedem calma e apelam à paz no arquipélago semi-autónomo de Zanzibar, na Tanzânia.
Presidente fica
O mesmo fez a oposição, esta segunda-feira (02.11.2015) – dia que deveria ter marcado o fim do mandato do Presidente cessante de Zanzibar, Ali Mohamed Shein, do partido Chama Cha Mapinduzi (CCM). Dado o impasse político, diz o Governo, Shein deverá manter-se no poder até que o arquipélago realize novas eleições.
Na semana passada, o líder da oposição, Seif Sharif Hamad, da CUF – Frente Cívica Única, declarou-se vencedor, ainda antes do anúncio dos resultados eleitorais. Um dia depois, a votação foi anulada e o político de 72 anos, que tenta chegar à Presidência de Zanzibar desde 1995, ameaçou apelar a protestos, caso a situação não fosse resolvida até esta segunda-feira.
Patrulha do exército
Agora, enquanto decorrem as negociações entre líderes políticos e da sociedade civil, bem como membros da comunidade internacional, Sharif Hamad mostra-se otimista quando ao futuro político da região: “Mais tarde ou mais cedo, esta crise será resolvida de forma pacífica e os zanzibares verão os frutos da nossa democracia”.
Ainda assim, na última segunda-feira, o exército patrulhava as ruas da capital do arquipélago no Oceano Índico, depois da explosão de pelo menos duas bombas artesanais em Zanzibar, no fim-de-semana. Não há registo de feridos e, de acordo com as autoridades, não há, para já, qualquer prova da ligação das explosões ao acto eleitoral.A violência pós-eleitoral é frequente na região.
Daqui para frente
A votação nas ilhas, segundo a Comissão Eleitoral, deverá repetir-se dentro de 90 dias. No entanto, a data vai depender do resultado das negociações entre as diversas partes.
O antigo Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, encabeça um grupo de mediação composto por líderes africanos. Há também uma força especial, composta por líderes históricos zanzibares, sob a coordenação da União Europeia. Também o Presidente cessante da Tanzânia, Jakaya Kikwete, diz estar pronto para todos os possíveis para regularizar a situação em Zanzibar.
Mas é do lado do seu partido - no poder no arquipélago - o Chama Cha Mapinduzi(CCM), que se levantam alguns problemas no que diz respeito às negociações, surgindo rumores de que o núcleo duro do partido está a bloquear qualquer evolução do processo.
Medidas punitivas para quem perturbar a ordem
Mohamed Aboud, ministro do Estado no gabinete do segundo vice-Presidente de Zanzibar, disse em declarações à rádio ZBC que ordenou medidas punitivas para qualquer pessoa que perturbe a ordem no país – incluindo quem anunciou vitória nas eleições presidenciais: “A lei proíbe qualquer pessoa ou instituição de anunciar resultados eleitorais que não são mencionados pela comissão eleitoral. É crime fazer isso. O Governo não vai tolerar ninguém que desobedeça à lei. O Governo apela às forças de segurança para agirem contra aqueles que violem a lei.”
Na semana passada, a CUF, principal partido da oposição no arquipélago, acusou o CCM, partido no poder, de estar por trás da anulação do ato eleitoral em Zanzibar, afirmando que o partido não quer admitir a derrota. O Chama Cha Mapinduzi, no poder na Tanzânia há mais de meio século, foi declarado vencedor das eleições presidenciais e legislativas na passada quinta-feira (29.10.2015).