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Tudo a postos para realização de eleições na Guiné-Bissau

Braima Darame (Bissau)12 de março de 2014

Autoridades de transição, Parlamento e Forças Armadas garantem que estão criadas condições para a realização de eleições livres, justas e transparentes a 13 de abril, apesar da crítica situação de segurança no terreno.

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Foto: AP

Com a ratificação pelo Parlamento guineense do decreto do Presidente de transição, Serifo Nhamadjo sobre o encurtamento dos prazos para a realização de eleições gerais a 13 de abril, estão reunidas as condições legais para que o pleito tenha lugar na data prevista.

Vinte e uma pessoas que desejam concorrer às presidenciais depositaram os respetivos dossiês no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), enquanto 22 partidos políticos entregaram os respetivos processos com vista às legislativas, segundo uma lista afixada na porta da instância máxima da justiça guineense. No próximo dia 17 será publicada a lista definitiva dos candidatos.

A campanha eleitoral deve começar no dia 21 do corrente mês e ficará pronto o cronograma definido pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, documento que foi aprovado por uma larga maioria na Assembleia Nacional Popular.

Rui Diã de Souza, líder da bancada parlamentar do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o maior partido no Parlamento guineense, diz que a Assembleia legitimou com o ato a realização do escrutínio na data marcada. “Mais uma vez demonstramos a nossa capacidade de ajudar, de contribuir, de ser o grande facilitador deste processo. Cumprimos apenas a nossa missão”, declarou Diã de Souza.

Também Serifo Baldé, líder da bancada do Partido da Renovação Social (PRS), principal força política da oposição, afirma que doravante estão reunidas todas as condições legais para encurtar os prazos legais. “Aprovamos para bem do país, porque se entendeu que não se pode criar conflitos” num momento em que tudo indica serão realizadas eleições, afirmou.

Segurança entre principais preocupações

A par destas eleições gerais, outra questão que se coloca diz respeito à segurança nacional bem como à não interferência dos militares na cena política nacional.

Guinea-Bissau Daba Na Walna
Também os militares estão “fartos da instabilidade”, diz o general brigadeiro Dahaba Na WalnaFoto: DW/B. Darame

Estas são as principais preocupações levantadas pela sociedade civil para que de facto estas eleições decorram de forma livre, justa e transparente.

O brigadeiro general Dahaba Na Walna, porta-voz dos militares, já veio a público garantir que não haverá mais intervenções das Forças Armadas na desestabilização do país e consequentemente do processo eleitoral.

“Os que dizem que os militares são as principais causas dos conflitos deviam pensar antes [de falar]. Quem morre mais com esta instabilidade são militares. São militares que se confrontam, como aconteceu no 7 de junho e em vários outros acontecimentos”, lembrou.

Militares “fartos da instabilidade”

Também os militares estão “fartos da instabilidade” na Guiné-Bissau, afirma Dahaba Na Walna. “Cada vez que o país balança, as cabeças que rolam mais são as cabeças dos militares”, sublinha.

Serifo Nhamadjo Wahlen Guinea-Bissau
Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, apela ao diálogo com os militaresFoto: DW/B. Darame

O general negou, por outro lado, que os militares são os principais responsáveis pelo subdesenvolvimento do país, alegando que a culpa é todos.

“As causas do conflito neste país são a profunda desorganização da administração do Estado, que permite injustiças sociais, e a precária gestão de recursos humanos”. Injustiças sociais que, alega, “são responsáveis pelos conflitos cíclicos que vão surgindo” no país.

A desorganização administrativa, alega ainda o porta-voz dos militares, só cria “clientelismo e paternalismo na administração pública”, que apenas contribuem para uma clima de instabilidade.

O Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pediu já um diálogo franco com os militares para que as eleições possam decorrer com a maior normalidade possível.

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