Ucrânia: Rússia acusa Kiev de continuar bombardeamentos
6 de janeiro de 2023"Apesar da observância do regime de cessar-fogo pelas tropas russas [...] as autoridades de Kiev continuam a bombardear cidades e posições russas", indicou o Ministério da Defesa russo no habitual relatório diário esta sexta-feira (06.01).
No entanto, em Bakhmout, epicentro dos combates no leste da Ucrânia, os duelos de artilharia não pararam, apesar da entrada em vigor de um cessar-fogo unilateral decretado pela Rússia por ocasião do Natal ortodoxo.
Os jornalistas da agência noticiosa France-Presse (AFP) ouviram disparos, mas com uma menor intensidade do que nos dias anteriores, dos lados ucraniano e russo após o início do cessar-fogo nesta cidade, em que as ruas estão em grande parte destruídas e desertas,
Dezenas de civis reuniram-se num edifício destinado à distribuição de ajuda humanitária, onde os voluntários organizaram uma festa de Natal, distribuindo tangerinas, maçãs e bolachas, uma hora antes da entrada em vigor da trégua russa.
As autoridades russas já esta sexta-feira tinham acusado a Ucrânia de ter atacado a cidade de Donetsk durante o cessar-fogo unilateral decretado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
Numa mensagem divulgada na rede social Telegram, o Centro Conjunto de Controlo e Coordenação de Assuntos Relacionados com Crimes de Guerra da Ucrânia (JCCC) referiu que o ataque à cidade sob controlo russo foi realizado com artilharia e acrescentou que "foram disparados seis projéteis de 155 milímetros", mas não avançou informações sobre possíveis vítimas.
Solicitado pelo patriarca da igreja ortodoxa russa, Cirilo, o cessar-fogo unilateral, decretado por Putin e rejeitado pela Ucrânia, entrou em vigor às 12:00 locais.
"Natal como disfarce"
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou Putin de "usar o Natal como disfarce" para impedir o avanço das forças ucranianas no Donbass, aproveitando para aproximar equipamentos e munições das suas posições.
"Querem usar o Natal como disfarce para deter, pelo menos brevemente, o avanço dos nossos homens em Donbass e trazer equipamentos, munições e militares para mais perto das nossas posições", afirmou.
Por sua vez, o vice-chefe da administração presidencial ucraniana, Kyrylo Tymoshenko, deu conta de que dois ataques russos em Kramatorsk (leste) atingiram um edifício residencial sem causar vítimas já depois de iniciada a trégua.
Antes do cessar-fogo unilateral, Tymoshenko já tinha mencionado um bombardeamento russo em Kherson (sul).
As autoridades separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia também relataram vários bombardeamentos ucranianos contra posições em Donetsk antes e depois da entrada em vigor teórica do cessar-fogo.
A ofensiva militar russa foi lançada a 24 de fevereiro do ano passado para, segundo Putin, "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.919 civis mortos e 11.075 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.