1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

União Africana discute a crise na Guiné-Bissau

24 de abril de 2012

O Conselho de Paz e Segurança da União Africana reuniu-se nesta terça-feira (23.04) e espera-se que a organização chegue a um consenso sobre medidas a adotar para se restabelecer a ordem constitucional na Guiné-Bissau.

https://p.dw.com/p/14kLG
NUR ZUR REDAKTIONELLEN NUTZUNG! A handout picture provided by the African Union-United Nations Information Support Team shows a Ugandan soldier serving with the African Union Mission in Somalia (AMISOM) standing at the back of an amoured fighting vehicle near a defensive position along the front-line in the Yaaqshiid District of northern Mogadishu, Somalia, 05 December 2011. In the face of a surge of car bombings and improvised explosive device (IED) attacks, the 9,700-strong African Union force continues to conduct security and counter-IED operations in and around the Somali capital. EPA/STUART PRICE / AU-UN IST PHOTO / HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES +++(c) dpa - Bildfunk+++ dpa 28561906
AU Soldat in ModagischuFoto: picture-alliance/dpa

A crise político-militar na Guiné-Bissau foi um dos temas da reunião desta terça-feira do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) na sua sede em Adis-Abeba. O objetivo é pressionar os militares golpistas a restabelecerem a ordem constitucional naquele país africano lusófono. A reunião foi convocada por iniciativa de Angola, país que preside este mês a organização panafricana.

Na sequência do golpe militar de 12 de abril, a Guiné-Bissau foi suspensa da União Africana que também ameaçou com sanções individuais os membros do Comando Militar. O Conselho de Paz e Segurança da UA deverá trabalhar com a Organização das Nações Unidas (ONU) no sentido de enviar uma força com mandato internacional para a estabilização do país. Esta posição deverá ser reforçada na próxima quinta-feira (26.04), em Abidjan, na Costa do Marfim, durante a cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a Guiné-Bissau.

Dabana Na Walna, porta-voz do Estado Maior das Forças Armadas (centro), numa conferencia de imprensa em Bissau (20.04.12)
Dabana Na Walna, porta-voz do Estado Maior das Forças Armadas (centro), numa conferência de imprensa em Bissau (20.04.12)Foto: picture-alliance/dpa

Intervenção militar

A presença na Guiné-Bissau de uma força militar internacional de estabilização e interposição, tem sido defendida nos últimos dias por uma grande parte da comunidade internacional, como única forma de ser reposta a ordem constitucional e a legalidade democrática na Guiné-Bissau.

Mamadu Djaló Pires, chefe da diplomacia guineense, em representação do governo eleito daquele país, reforçou recentemente esta posição defendendo "o envio para a Guiné-Bissau de uma força militar de interposição e de estabilização, com mandato vasto e uma permanência dilatada, que assegure a proteção das instituições da República, nomeadamente, a Presidência da República".

Crise sub-regional?

Mas, por outro lado, Diabira Maroufa, presidente do grupo de estudo e pesquisa sobre a democracia e o desenvolvimento económico e social (GERDDES), sedeado na Mauritânia, está convencido de que mesmo que os militares regressem aos quartéis "será por um período de curta duração."

Diabira Maroufa lembra que não é um problema unicamente da Guiné-Bissau, "porque enquanto não for encontrada uma solução a nível da sub-região africana concernente à questão da droga, será difícil para países como a Guiné-Bissau terem uma estabilidade e terem acesso a um processo democrático de mudança ou renovação política".

Iniciativas diplomáticas

Entretanto, as iniciativas diplomáticas continuam, nomeadamente no continente africano. No final do encontro da UA desta terça-feira (24.04), será aprovada uma condenação mais firme dos autores do golpe de Estado na Guiné-Bissau, para além de ser novamente exigida a libertação imediata e incondicional de todos os detidos, nomeadamente o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

É já na próxima quinta feira que a CEDEAO vai estar reunida numa cimeira extraordináriaonde será debatida também a questão da necessidade de uma maior aproximação de posições entre a CEDEAO e CPLP, sobretudo depois de os oito membros terem sido arredados das conversações com o Comando Militar golpista.

Kadré Désiré Ouedraogo, presidente da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em Bissau para liderar a delegação que se reuniu com líderes da junta militar
Kadré Désiré Ouedraogo, presidente da comissão da CEDEAO, em Bissau, para liderar a delegação que se reuniu com líderes da junta militarFoto: picture-alliance/dpa

Pressão da CEDEAO

A UA quer trabalhar com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o resto da comunidade internacional com vista a encontrar soluções rápidas, equitáveis, justas e duradouras para a crise guineense.

Mas, para Yoro Dia, professor de Ciências Políticas na Universidade de Dacar, a CEDEAO pouco faz para além de pressionar: "Na história da África Ocidental, em matéria de gestão de conflitos, a CEDEAO pouco fez. A única experiência que deu um certo prestígio à CEDEAO foi a saída da crise na Libéria com a intervenção da Nigéria e vimos mais tarde como isso terminou. Para o caso da Guiné-Bissau, para além das pressões não vejo o que a CEDEAO poderá realmente fazer".

Flexibilidade dos militares?

No entanto, outras iniciativas diplomáticas tem surtido algum efeito. A ameaça de sanções pela ONU, levou o Comando Militar em Bissau a recuar um pouco na sua posição de intransigência. Agora, os militares afirmam que estão dispostos a rever as modalidades da transição decididas com a ex-oposição ao regime derrubado e que prevê a suspensão das eleições por um período de dois anos.

Susan Rice, presidente em exercício do Conselho Conselho de Segurança da ONU
Susan Rice, presidente em exercício do Conselho Conselho de Segurança da ONUFoto: Reuters

Autor: António Rocha
Edição: Carla Fernandes/Nádia Issufo

24.04.12 GBissau /UA/CEDEAO - MP3-Mono

Saltar a secção Mais sobre este tema