Amsterdã, Antuérpia e cidades suíças lideram consumo de cocaína
13 de agosto de 2012Cerca de 356 quilogramas de cocaína são consumidos diariamente na Europa, de acordo com um estudo publicado recentemente. A substância estimulante é mais popular na região central e ocidental do que no leste e no norte do continente. Mas as cidades suíças também estão entre as maiores consumidoras.
Em Zurique, Genebra e Berna, a média do consumo diário para cada mil habitantes é de 1,5 grama – índice igual ao de Amsterdã, na Holanda, e Antuérpia, na Bélgica. Durante eventos de música eletrônica, como a parada de rua realizada em Zurique no mês de agosto, o consumo pode chegar a ser cinco ou seis vezes maior.
"Zurique, Genebra e Sankt-Moritz sempre registraram altos índices de consumo de cocaína, mas esse é um fenômeno urbano e não do país como um todo, relacionado principalmente à vida noturna ", declarou Tibor Rasovszky, médico do centro para tratamento de viciados Arud, em Zurique.
Uma análise do esgoto de Zurique realizada pela Universidade de Berna mostrou que o consumo de cocaína na cidade quase dobrou num período de três anos – de 11.600 carreiras de cocaína em 2009 para 21 mil carreiras em 2011.
Mas os números não impressionam Rasovszky. "O uso de cocaína na Suíça está aumentando apenas de leve. Nos anos 1990, observamos um aumento enorme do consumo, mas os números se mantiveram praticamente constantes nos últimos anos", diz.
Segundo Rasovszky, os pesquisadores da Universidade de Berna fazem os testes anuais no período da parada de rua, o que explica o aumento nos índices. "Turistas de toda a Europa vêm para Zurique durante o evento."
Vasculhando o esgoto
O consumo de drogas geralmente é determinado pelo número de pessoas que procuram ajuda para controlar o uso abusivo. Porém, esses dados nem sempre são confiáveis.
"Se os números forem baseados em relatos voluntários, podem ser exagerados ou minimizados, e talvez os usuários nem saibam se a substância consumida foi mesmo cocaína", considera Christoph Ort, do Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática.
Por isso, pesquisadores estão buscando novas maneiras de medir o consumo de drogas, sendo a análise de amostras de esgoto uma delas. "Procuramos tanto pela molécula da cocaína como pelo metabólito", explicou Ort.
As moléculas da droga são detectadas quando ela é descartada na água sem ter sido consumida, enquanto o metabólito é o produto da cocaína depois de consumida e processada pelo corpo. Os dois valores são comparados pelos pesquisadores
Ort participou de um recente estudo internacional que analisou a água de 19 cidades europeias. Os maiores índices de uso de cocaína foram verificados em Amsterdã, seguida por Antuérpia e Londres.
As cidades suíças não foram incluídas em tal estudo, mas Ort comparou os números aos de um estudo similar feito na Suíça há um ano. No estudo suíço, Zurique, Berna e Genebra tiveram os mesmo índices que Amsterdã.
Escandinavos preferem as anfetaminas
Os menores níveis de consumo de cocaína foram registrados em Estocolmo, Oslo e Helsinque. Nas capitais escandinavas, a média do uso diário foi estimado em apenas 0,15 grama para cada mil habitantes.
"Não há uma explicação concreta para esses números", afirma o professor Jørgen Bramness do Centro Norueguês de Pesquisa de Dependência da Universidade de Oslo.
Bramness acredita que há hábitos com relação ao uso de drogas, que variam variam de um país para o outro. "A Noruega é um país que consome anfetaminas há décadas. Cocaína é uma droga mais nova na cena escandinava", diz.
Drogas injetáveis, como as anfetaminas, são mais comuns nos países escandinavos do que as consumidas via oral, inaladas ou fumadas. O motivo poderia ser simplesmente o fato de as anfetaminas serem mais facilmente encontradas nos países nórdicos do que drogas como a cocaína.
As drogas que chegam à Escandinávia são geralmente traficadas de países do Leste Europeu, como a Rússia, diz Bramness. Enquanto isso, as drogas consumidas no sul da Europa vêm da América, incluindo cocaína em grande quantidade, aponta o professor.
Autora: Brigitte Osterath (mas)
Revisão: Luisa Frey