Bulgária e Romênia no crivo da UE
25 de abril de 2005Nesta segunda-feira (25/04), a Bulgária e a Romênia assinaram acordo para filiar-se à União Européia a partir de 1º de janeiro de 2007.
Bulgária: disposta a reformas
Uma das principais exigências da União Européia a seus futuros membros é o combate à criminalidade. E aqui, apesar de algumas vitórias, a Bulgária continua sendo um país-problema no tocante à falsificação de dinheiro, à pirataria de produtos, assim como ao tráfico de drogas e de pessoas. A continuada briga de gangues nas ruas da capital Sófia fez numerosas vítimas fatais em 2004, semeando medo entre a população e a desconfiança da UE.
Um outro ponto delicado é a longamente planejada reforma da Justiça búlgara. Esta prevê a restrição parcial da imunidade dos altos magistrados, contrária as regras da UE, assim como maior transparência e democracia na escolha desses altos funcionários.
O presidente Georgi Parvanov e diversos representantes do governo e do Parlamento estão pressionando para que as bases da reforma da Justiça sejam lançadas até o fim deste ano. Caso contrário, em sua cúpula do segundo semestre, a EU poderá acionar a chamada "cláusula de proteção", adiando a filiação da Bulgária por um ano. Ainda assim, Timo Suma, da Comissão de Ampliação da UE, acredita que "tudo corre conforme planejado" e afirma que a maioria do Parlamento Europeu é a favor da entrada daquele país no bloco europeu.
Uma outra dificuldade é a insistência do Partido Socialista (sucessor do antigo partido único do período comunista) em cancelar a planejada desativação de quatro dos seis reatores da usina nuclear de Kosloduj. Neste ponto, o partido conta com o apoio da população, que sofre com os custos crescentes da energia. Ainda assim, segundo pesquisas de opinião, mais de 70% dos búlgaros é a favor da filiação à UE.
Romênia: crescimento constante
Também na Romênia, 85% da população deseja entrar para o bloco europeu. Apesar da alta dos preços, o possível aumento do desemprego e da introdução de novos impostos, a maioria dos romenos vê na filiação a única possibilidade de combater a corrupção dominante.
E é justamente esse "mal nacional" – que impera até nos altos escalões da política e da economia – a colocar o país na mira da cláusula de proteção. Sobretudo os conservadores europeus são a favor de que a Romênia espere até 2008. Até mesmo o presidente Traian Basescu dá razão às críticas, porém chama a atenção para os progressos: "Iniciamos uma luta acirrada contra a corrupção".
Prova disso é o afastamento de mais de 40 generais de polícia, assim como o bloqueio das contas de 42 mil firmas incapazes de saldar suas dívidas com o fisco: foi iniciada uma onda inaudita de prisões e de processos penais. Porém, trata-se apenas do início de um longo processo, já que as redes de apadrinhamento – datando da época do Partido Comunista e do famigerado serviço secreto Securitate – funcionam até hoje.
Basescu afirma que a integração em 1º de janeiro de 2007 é uma prioridade no desenvolvimento do país em direção à realidade européia. Essa prioridade precisa agora se refletir também na política econômica. Nos últimos anos, o crescimento tem ultrapassado os 5% – alcançando até 8% em 2004 – e, pela primeira vez em muito tempo, a inflação ficou abaixo de 10%. O imposto unitário de 16%, introduzido pelo governo liberal-democrata, promete atrair investidores.
Baixa competitividade
Entretanto, aspectos como a competitividade limitada tornam problemática a filiação dos dois países do Leste à UE. A produtividade e o PIB da Bulgária correspondem a menos de 30% da média européia, e seu salário médio é de 150 euros por mês. Na Romênia, uma das nações mais pobres da Europa, a situação é semelhante, com a média dos salários líquidos circulando em torno de 180 euros. E acelerar a filiação à EU certamente não alterará a situação.