Combatendo Hollywood com suas próprias armas
17 de novembro de 2005A indústria cinematográfica da Europa sabe que tem que suar para manter o passo com o mercado norte-americano. Em 2004, nem mesmo com muito esforço as produções européias marcaram presença considerável entre os 20 primeiros lugares dos campeões de bilheteria.
Duas exceções notáveis: Bridget Jones 2: No limite da razão (co-produção entre Reino Unido, França, Alemanha, Irlanda e EUA) e o filme de Christophe Barratier A voz do coração. Este último é um caso especialmente raro, por tratar-se de uma produção quase pan-européia de sucesso, com background franco-suíço-alemão.
No geral, a tendência do cinema europeu é procurar um maior profissionalismo, nos moldes dos Estados Unidos. Assim como uma cooperação mais intensa entre os diferentes países.
Workshop para jovens produtores
Nesse contexto, é extremamente oportuna a iniciativa da La Fémis (Escola Superior das Profissões da Imagem e do Som) de Paris e da Filmakademie de Baden-Württemberg de criar a Masterclass Ludwigsburg/Paris, para jovens produtores europeus.
O workshop é dirigido a pessoas com menos de 30 anos de idade, tanto formandos das escolas de cinema como os que já possuem experiência prática no campo do filme e mídia.
O programa tem duração de um ano, sendo também aberto a especialistas de outras áreas, ativos no cinema, e que procuram formação intensiva e específica no setor de produção. A meta é formar uma elite de produtores europeus, capazes de trabalhar em rede para, no futuro, fazer o melhor uso possível dos contatos em seus respectivos países.
O futuro está na co-produção
Desde 2001, um máximo de 18 estudantes participa da Masterclass: seis alemães, seis franceses e seis candidatos do restante da Europa. No encerramento, os formandos produzem curtas-metragens em colaboração com a Filmakademie, La Fémis e a emissora franco-alemã de cultura ARTE.
"A co-produção é o futuro do cinema europeu", afirma Marta Ravani, uma italiana de 27 anos que participa da Masterclass Ludwigsburg/Paris. "E co-produção não apenas entre dois, mas sim entre três ou mais países", acrescenta seu colega austríaco Michael Reichenberg, de 31 anos.
Assim como Ravani, ele domina os idiomas alemão, francês, inglês e italiano. Pré-requisito importante, já que os cursos são ministrados em alemão e francês, entre Ludwigsburg e Paris. Nenhum dos dois é formado em cinema: ela estudou Economia e ele, Medicina.
Produzindo para a Europa de amanhã
Em 2005, Marta, Michael e seus colegas tiveram a oportunidade de apresentar o fruto de um ano de trabalho no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, no norte da Espanha.
Reichenberg acredita que a indústria européia pode aprender com o modelo norte-americano, em certos aspectos: "O cinema francês é por vezes muito centrado no diretor, e queremos mostrar que os produtores também podem trazer idéias e iniciativas".
Ele aposta nas grandes produções internacionais como única forma de competir com Hollywood. Só assim ele se vê fazendo filmes, nos próximos dez anos: "Estamos produzindo para a Europa de amanhã".