Indústria e comércio aplaudem negociações com Turquia
7 de outubro de 2004O início das negociações com a Turquia para o ingresso do país na comunidade de 25 vai dar início a um processo que reverterá em ganhos para ambas as partes. Esta é a convicção de Anton Börner, presidente da Confederação do Comércio Exterior e Atacadista da Alemanha (BGA), que se apressou a lançar uma nota saudando a decisão da Comissão Européia, na quarta-feira (06/10). Para a Alemanha, ele prevê, da mesma forma que nas ampliações anteriores, "lucros proporcionalmente maiores, graças à espiral de crescimento que será induzida pelo ingresso".
O otimismo de Börner vai ainda mais longe: ele acredita que o ingresso da Turquia será menos complicado que o de alguns países da Europa Central, que só em meados da década de 90 começaram a adaptar seus parâmetros políticos e econômicos ao da União Européia. "As normas e os padrões já estão sendo adaptados sucessivamente aos da UE. O combate à corrupção está sendo levado a sério. E os empenhos pela privatização das empresas estatais devem ser reconhecidos", elogia o representante das empresas exportadoras alemãs.
Chances no comércio e na infra-estrutura
Börner não está sozinho com suas expectativas positivas. Kemal Sahin, presidente da Câmara de Indústria e Comércio Turco-Alemã, também espera uma multiplicação dos investimentos mútuos e um incremento das transações comerciais, graças a um "crescimento acelerado da economia na Turquia".
Já agora, as relações comerciais bilaterais estão passando por uma fase de grande impulso: só no primeiro semestre deste ano, as exportações da Alemanha para a Turquia cresceram 50%. No caminho inverso, também houve aumento, embora bem mais modesto: os alemães compraram 5% a mais de produtos turcos, no mesmo período.
As melhores chances para as empresas alemãs são vistas no setor da infra-estrutura. Faltam no país situado no Bósforo, segundo cálculos, 10 mil quilômetros de auto-estradas, 30 mil quilômetros de vias férreas, bem como portos bem equipados, milhões de moradias precisam ser reformadas e modernizadas. Encomendas para firmas alemãs representariam lucros que compensariam de longe os custos resultantes para a Alemanha do ingresso da Turquia, avaliados em 2 bilhões de euros.
Novos empregos x imigração de mão-de-obra
Uma das questões que mais geram ceticismo em relação ao ingresso da Turquia na União Européia é o receio de uma imigração em massa de mão-de-obra proveniente daquele país para os demais membros do bloco. Börner não compartilha esse temor. E Sahin também se mostra otimista de que, com a perspectiva de integrar a comunidade, "a Turquia passe por um crescimento gigantesco nos próximos dez anos".
Sahin, ele próprio empresário na Alemanha, lembra que o governo turco aprovou recentemente um pacote de subsídios para 36 províncias situadas em regiões pobres do país. "E agora essas regiões já estão atraindo investimentos", o que acabará gerando empregos, afirma. Com isso, as pessoas não pensarão mais em emigrar em busca de melhores chances. Ele acredita mesmo que, diante de tais perspectivas, muitos turcos que têm um emprego na Alemanha se sintam atraídos a voltar ao país natal.
Condições precisam ser cumpridas
Por mais que as perspectivas para a economia sejam animadoras, Börner, do BGA, não perde de vista a necessidade de que a "Turquia se adapte sem restrições ao sistema de valores da UE, no que diz respeito aos direitos humanos, à liberdade individual e ao estado de direito", segundo consta da nota divulgada em Berlim.