Kirchner se despede em Buenos Aires com boicote a Macri
10 de dezembro de 2015Uma multidão se reuniu na tarde desta quarta-feira (10/12) em frente à Casa Rosada, a sede do governo argentino, para se despedir da presidente Cristina Kirchner, que deixará o cargo após oito anos de governo e 12 em que o kirchnerismo esteve no poder na Argentina.
Na Plaza de Mayo, no centro de Buenos Aires, dezenas de milhares de pessoas se reuniram numa demonstração de apoio às políticas de centro-esquerda do kirchnerismo, portando bandeiras e entoando cantos políticos.
Em seu último discurso como líder da terceira economia da América Latina, Kirchner afirmou que será necessário defender as conquistas de seu governo pelos próximos quatro anos. "Por acreditar no que fizemos, temos que tomar atitudes positivas para contribuir para que essas coisas não sejam destruídas", observou.
Mais cedo, ela havia participado de um ato na Casa Rosada que contou com a presença do presidente da Bolívia, Evo Morales, onde foi inaugurada uma escultura em homenagem ao seu marido, o ex-presidente e seu antecessor no cargo, Néstor Kirchner, morto em 2010.
Os parlamentares fiéis a Kirchner afirmaram que não comparecerão à posse do presidente eleito Mauricio Macri, o que aumentou ainda mais as tensões entro os grupos políticos rivais. A presidente também já havia confirmado que não irá participar do ato.
As divergências entre os adversários políticos sobre a transmissão de poder chegou até a Justiça, que, a pedido dos partidários de Macri, decidiu que o mandato de Cristina Kirchner se encerraria à meia-noite desta quarta-feira, deixando para o novo governo o controle sobre as cerimônias da posse.
Por esse motivo, a entrega dos símbolos presidenciais deverá ocorrer na Casa Rosada, e não no Congresso, como queria Kirchner, encerrando um conflito que gerou algumas situações bizarras.
Macri e sua vice-presidente, Marta Gabriela Michetti, não poderão assumir até prestarem juramento no Congresso ao meio-dia desta quinta-feira, criando um vácuo de poder que será preenchido pelo presidente do Senado, Federico Pinedo, do partido de Macri. Ele será o responsável pela transmissão da faixa e do bastão presidencial ao novo mandatário.
Mauricio Macri deverá buscar a abertura da economia argentina, após anos de políticas intervencionistas e de altos gastos públicos que acabaram gerando um grave déficit fiscal no país. Entretanto, muitas de suas iniciativas terão de passar por negociações, já que o novo governo não terá maioria no Congresso.
RC/efe/rtr