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Manifestantes incendeiam Supremo Tribunal da Venezuela

13 de junho de 2017

Encapuzados lançam coquetéis molotov, saqueiam banco no piso térreo e são contidos com gás lacrimogêneo. Incidente ocorre após corte declarar inadmissível recurso de procuradora-geral contra convocação de Constituinte.

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Manifestantes incendiaram Direção Executiva da Magistratura do Supremo Tribunal de Justiça Foto: Getty Images/AFP/F. Parra

Um grupo de encapuzados incendiou nesta segunda-feira (12/06) a Direção Executiva da Magistratura do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, em Chacao, na região metropolitana de Caracas. Os manifestantes também atearam fogo e saquearam os escritórios de um banco localizado no primeiro andar do mesmo edifício de quatro andares. Segundo o portal venezuelano El Nacional, três pessoas ficaram feridas.

Uma manifestação da oposição ocorria na região quando os encapuzados começaram a atacar a sede do tribunal com coquetéis molotov. O grupo invadiu o edifício, quebrou vidros e usou o mobiliário como combustível para alimentar as chamas. Computadores e outros equipamentos eletrônicos do banco foram incendiados na rua. Soldados e policiais usaram gás lacrimogêneo e balas de chumbinho para dispersar os manifestantes.

Mais cedo, o Supremo Tribunal de Justiça tinha declarado inadmissível um recurso apresentado pela procuradora-geral Luisa Ortega Diaz. A promotora, que de fato pertence ao lado governista, opõe-se à convocação de uma Assembleia Constituinte.

Além disso, o tribunal, controlado pelo chavismo, considerou "inadequado" se pronunciar sobre a medida cautelar apresentada por Ortega para suspender os efeitos do processo constituinte.

Pouco depois da decisão da corte, a procuradora-geral anunciou ter apresentado um processo para impugnar a escolha de 33 juízes que foram, segundo ela, eleitos por meio de processos irregulares em 2015.

Manifestante em Caracas
Protestos a favor e contra o governo de Nicolás Maduro vêm ocorrendo desde 1º de abril e já causaram 67 mortesFoto: Reuters/C. G. Rawlins

Ortega explicou que são alvo da ação 13 juízes principais e 20 suplentes que foram escolhidos pela Assembleia Nacional quando o Parlamento venezuelano ainda era controlado pelo chavismo no fim de 2015.

"Território sem lei"

O prefeito de Chacao, o opositor Ramón Muchacho, condenou a violência e comunicou que a fumaça gerada pelo incêndio, juntamente com o gás lacrimogêneo, afetou um centro de educação pré-escolar próximo e onde estavam "aproximadamente 45 crianças".

Num contato telefônico com a emissora privada Globovisión, Muchacho assegurou que foi "uma situação de violência e de repressão" e que, no momento do ataque, "não havia presença de polícias nem da Guarda Nacional".

Por sua parte, o Supremo Tribunal de Justiça afirmou que os ataques aconteceram "com a cumplicidade das altas autoridades do município e a sua polícia, que não cumpriram com a missão de proteger os bens e segurança dos habitantes".

A nota indicou também que o presidente do Supremo Tribunal, Maikel Moreno, decidiu mudar a sede da Direção Executiva da Magistratura para outro lugar, "já que esta zona da Grande Caracas é um território sem lei".

Na última quarta-feira, a sede da Direção Executiva da Magistratura foi alvo de outro ataque, em que um grupo de pessoas "com atitude violenta tentou jogar um caminhão contra a fachada" do edifício, que, depois, foi incendiada. Em 8 de abril, o mesmo local foi atacado com coquetéis molotov e sofreu danos.

Protestos a favor e contra o governo chavista de Nicolás Maduro vêm ocorrendo no país desde 1º de abril e já deixaram 67 mortos e milhares de feridos, de acordo com o Ministério Público da Venezuela.

PV/efe/dpa/rtr/lusa