Promotor que denunciou Cristina Kirchner é achado morto
19 de janeiro de 2015O promotor Alberto Nisman, que denunciou na semana passada a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, por encobrir detalhes de um atentado, foi encontrado morto no apartamento onde morava, no centro de Buenos Aires, informaram fontes oficiais nesta segunda-feira (19/01).
Nisman, que investigava o atentado contra um centro judaico ocorrido em 1994, iria apresentar detalhes da denúncia contra a presidente no Congresso argentino nesta segunda-feira. Ela e o ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman, foram acusados de terem encoberto a participação de iranianos no ataque terrorista.
O atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) deixou 85 mortos e centenas de feridos. Trata-se do atentado mais grave da história da Argentina. Foi o segundo contra uma instituição judaica no país, após o atentado contra a embaixada de Israel, em 1992, que deixou 29 mortos.
O promotor tinha solicitado que Kirchner, assim como Timerman e outros políticos, fosse chamada a depor perante a Justiça. Ele também pediu um embargo preventivo de bens no valor de 23,3 milhões de dólares.
Segundo Nisman, o governo tentou inocentar os acusados iranianos com o objetivo de restabelecer as relações diplomáticas e comerciais entre Buenos Aires e Teerã. A Argentina pretendia trocar petróleo por grãos e vender armas ao Irã, afirmou o promotor. A acusação, feita na última quarta-feira, abalou o ambiente político na Argentina.
Sem sinal de arrombamento
A procuradora Viviana Fein, encarregada de investigar a morte de Nisman, disse a jornalistas que ainda não se pode determinar o que ocorreu nem se foi um suicídio.
"Não posso dar nenhum prognóstico", disse ela, confirmando que uma arma calibre 22 foi encontrada no apartamento de Nisman, no bairro nobre de Puerto Madero, na capital argentina.
Segundo Fein, foi a mãe de Nisman que encontrou o corpo do procurador. Ela teria dito que a porta da casa não tinha sinais de arrombamento. Em recente declaração ao jornal argentino Clarín, o procurador havia dito que, devido à denúncia, poderia não sair vivo do processo.
PV/efe/dpa