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Putin mantém meta de controlar maioria da Ucrânia, dizem EUA

30 de junho de 2022

É improvável que esse objetivo seja conquistado no curto prazo, afirma diretora de Inteligência Nacional da Casa Branca. Ela vê "desconexão" entre ambição e capacidade militar russa, mas projeta um longo conflito.

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Puitn fala enquanto aponta dedo para a frente
Na avaliação dos EUA, Putin pode ampliar uso de ferramentas de guerra assimétrica para compensar desgaste de forças militaresFoto: Pavel Bednyakov/SNA/IMAGO

O presidente russo, Vladimir Putin, mantém seu objetivo de tomar o controle da maior parte do território da Ucrânia, mas suas forças estão tão desgastadas pela guerra que provavelmente só poderão obter ganhos graduais no curto prazo, afirmou a principal autoridade de inteligência dos Estados Unidos na quarta-feira (29/06).

Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional da Casa Branca, disse que o consenso entre as agências de inteligência dos Estados Unidos é que a guerra, iniciada há mais de quatro meses, irá se prolongar "por um longo período de tempo".

"O quadro continua bastante sombrio, e a Rússia está endurecendo cada vez mais sua atitude em relação ao Ocidente", afirmou durante uma conferência do Departamento de Comércio.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou nesta semana ao presidente americano, Joe Biden, e a outros líderes do G7 querer que a guerra termine até o final do ano. Mas os comentários de Haines indicam que o apoio de bilhões de dólares em armas modernas fornecidas pelos Estados Unidos e outros países às forças de Zelenski podem não lhes dar a capacidade de virar a maré contra a Rússia em breve.

Descompasso entre objetivo e força militar

Apesar de as forças ucranianas terem tido sucesso em impedir a Rússia de capturar Kiev em fevereiro, o que forçou Moscou a focar em conquistar toda a região do Donbass, Haines afirmou que Putin segue com a intenção de invadir a maior parte da Ucrânia.

"Acreditamos que ele efetivamente tem os mesmos objetivos políticos que avaliávamos anteriormente, ou seja, ele quer conquistar a maior parte da Ucrânia", disse.

Avril Haines falando
Haines: "O quadro continua bastante sombrio"Foto: Susan Walsh/AP Photo/picture alliance

Contudo, as forças russas foram tão desgastadas nesses mais de quatro meses de combate que é improvável que possam alcançar a meta de Putin em breve, disse Haines.

"Percebemos uma desconexão entre os objetivos militares de Putin no curto prazo neste tema e a sua capacidade militar, uma espécie de desajuste entre as suas ambições e o que os militares são capazes de realizar", afirmou. 

As forças ucranianas também enfrentam um grande desgaste, e admitiram perda de metade do seu equipamento militar na guerra.

Haines disse que as agências de inteligência dos Estados Unidos projetam três cenários possíveis, sendo o mais provável um conflito de atrito no qual as forças russas "obtêm ganhos graduais, sem rupturas". O segundo cenário é um grande avanço russo, e o terceiro é a Ucrânia conseguir estabilizar as linhas de combate ao mesmo tempo em que obtém pequenos ganhos, talvez perto da cidade russa de Kherson e de outras áreas do sul da Ucrânia.

Infografik Karte Russische Truppenbewegungen in der Ostukraine PT

Guerra assimétrica

A diretora da Inteligência Nacional da Casa Branca afirmou que levará anos para que a Rússia reconstrua as suas forças. Durante esse período, ela projeta que Moscou estará mais dependente de ferramentas de guerra assimétrica, "como ataques cibernéticos, esforços para controlar o fornecimento de energia ou mesmo armas nucleares, para tentar gerenciar e projetar poder e influência global", disse Haines.

"Entretanto, é improvável que as tropas russas sejam capazes de conduzir múltiplas operações simultâneas", afirmou. A prioridade de Putin agora, segundo ela, é obter ganhos na região do Donbass e fazer com que as forças ucranianas colapsem, o que a Rússia avalia que "reduzirá a resistência de dentro para fora".

Os comentários de Haines foram feitos depois que a cúpula dos líderes da Otan na quarta-feira classificou a Rússia como a "ameaça mais significativa e direta" à segurança da aliança militar e prometeu modernizar as forças de Zelenski e o apoiar na "defesa heroica de seu país".

bl/lf (Reuters, ots)