Schröder e Chirac mais unidos do que nunca
9 de fevereiro de 2004"Não cabe nem uma folha de papel entre os dois", comentaram membros das delegações, referindo-se à harmonia demonstrada pelos dois chefes de governo em seu encontro informal no Castelo de Genshagen, às portas da capital da Alemanha. Durante algumas horas, nesta segunda-feira (09/02), Gerhard Schröder e Jacques Chirac acertaram os ponteiros com relação a questões da União Européia e da política para o Iraque e o Afeganistão.
Em seguida, Schröder partiu para Dublin, levando a incumbência de defender também a opinião da França em suas deliberações com Bertie Ahern, primeiro-ministro da Irlanda e atual presidente da União Européia. Em outubro, acontecera o contrário: o chefe de governo alemão, ocupado com os debates nacionais sobre a Agenda 2010, pedira a Chirac que o representasse numa conferência de cúpula realizada em Bruxelas.
Sem concessões quanto à constituição européia
Um tema que ocupou Schröder e Chirac e que será debatido com Ahern é a constituição européia. Berlim e Paris insistem no princípio da chamada dupla maioria nas votações, segundo a qual uma decisão só é aceita se pelo menos a metade de todos os membros votar a favor e estes países representarem juntos no mínimo 60% da população total da UE. Este princípio polêmico continua sendo recusado pela Espanha e pela Polônia.
Schröder e Chirac acentuaram seu interesse numa solução rápida da pendência em torno da constituição da comunidade. O texto deveria ser aprovado ainda durante a presidência irlandesa, até fins de junho, porém não "a qualquer preço". Não sendo possível, a aprovação deveria ocorrer "sem falta" durante a presidência holandesa, no segundo semestre.
Os dois políticos comprovaram ainda sua resistência a um aumento dos gastos da União Européia. A Comissão Executiva do bloco deve apresentar nesta terça-feira um plano de financiamento a médio prazo da comunidade, que será ampliada para 25 membros em maio.
Posições idênticas nas questões internacionais
Com relação ao Iraque, Schröder elogiou a cooperação estreita entre a Alemanha e a França, e Chirac confirmou que os dois governos têm uma "posição absolutamente idêntica" nesta questão. Vale lembrar que a Alemanha continua recusando terminantemente o envio de soldados ao Iraque, restringindo sua participação no pós-guerra à ajuda humanitária.
Quanto à estabilização do processo de paz no Afeganistão, Berlim e Paris estão examinando a possibilidade de uma atuação da brigada franco-alemã. Até agora estava planejado apenas que o Eurocorps, uma tropa européia multinacional, assumirá o comando das tropas internacionais Isaf em agosto. Ainda não se chegou a uma conclusão a respeito de uma possível ampliação da missão, acentuou Schröder.
Nenhuma intervenção no caso da Aventis
Os dois chefes de governo não pretendem intervir no processo de fusão dos conglomerados farmacêuticos Aventis e Sanofi-Synthélabo. "Trata-se de um questão de mercado, sobre a qual a política não tem nenhuma influência", disse o chefe de governo alemão. No entanto, ambos acentuaram que os 9 mil postos de trabalho na produção e nos centros de pesquisa na região de Frankfurt precisariam ser mantidos. "Esta é a nossa meta."
A cooperação entre empresas alemãs e francesas, com o fim de se tornarem mais fortes nos mercados mundiais, é, em princípio, positiva, mas deveria ocorrer de forma amigável, opinou o chanceler federal. A francesa Sanofi-Synthélabo está interessada na incorporação de sua concorrente franco-alemã, tendo apresentado em fins de janeiro uma oferta de quase 48 bilhões de euros.