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Guiné-Bissau: Fim do prazo para acordo sobre novo Governo

Iancuba Dansó (Bissau) | cvt
18 de junho de 2020

Esta quinta-feira (18.06), termina o prazo dado pelo Presidente guineense para entendimento sobre a formação do novo Governo, sob pena de dissolver o Parlamento. Embaló diz ter recuado da decisão, mas dúvidas permanecem.

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Guinea-Bissau Präsident Umaro Sissoco Embaló
Umaro Sissoco EmbalóFoto: DW/B. Darame

O prazo dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para que o chefe de Estado guineense Umaro Sissoco Embaló nomeasse um novo primeiro-ministro "tendo em conta a Constituição da República e os resultados das eleições legislativas" do ano passado, já terminara a 22 de maio, sem uma decisão por parte do Presidente.

Os partidos políticos não se entendem, e há reivindicações da maioria no Parlamento, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das eleições legislativas e afastado do poder em fevereiro, além do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15) e do Partido da Renovação Social (PRS), que atualmente governam o país.

Guiné-Bissau: Fim do prazo para acordo sobre novo Governo

O impasse levou o Presidente da República a ameaçar avançar para a dissolução da Assembleia Nacional Popular até esta quinta-feira (18.06), se não houvesse entendimento. Mas, no regresso de uma viagem à República do Congo, na terça-feira (16.06), Umaro Sissoco Embaló disse que tinha desistido dessa intenção,porque houve evolução no Parlamento:

"Estou contente em ver discussão na Assembleia, com a sessão parlamentar marcada para o dia 29. Isso já é um bom sinal e faz com que eu também recue na minha decisão. Se não houvesse uma data, eu ia em frente com a minha decisão", declarou.

Desconfiança e demandas

Porém, olhando para a próxima sessão do parlamento guineense, o analista político Jamel Handem desconfia dessas declarações do Presidente.

"Neste momento, Umaro Sissoco está com dificuldades em cumprir com as recomendações da CEDEAO sobre a formação de um novo Governo. Ou o Parlamento aceita a sua maioria, ou ele dissolve o Parlamento e mantém o atual Governo até a realização das próximas eleições. Sem essas condições, não vai haver mais nada", considera.

Perante a falta de uma decisão por parte do Presidente guineense, o especialista em relações internacionais, Fernando Mandinga da Fonseca diz que a CEDEAO peca por não actuar.

PAIGC National Headquarters
Sede do PAIGC, em BissauFoto: DW/B. Darame

"Falta, do meu ponto de vista, uma posição da CEDEAO em fazer cumprir a sua emanação e imposição, porque a solução que impôs é uma solução a meio termo, para que a crise possa ser superada", avalia.

A próxima sessão do Parlamento guineense, que terá início no dia 29 de junho, poderá clarificar a dúvida sobre quem detém a maioria na Assembleia, como admitiram algumas formações políticas. Mas Fernando Mandinga diz ser contra a eventual solução parlamentar.

"É necessário que a Assembleia Nacional Popular não aprofunde a crise, Acho que tomando essa medida estaria a aprofundar a crise. A exigência do meu ponto de vista é voltar a tentar cumprir a solução do meio termo encontrada pela CEDEAO", sugere.

O que pensa o cidadão comum

Os guineenses ouvidos pela DW África têm opiniões diferentes sobre a situação política reinante no país.

"Ainda é possível haver concertação entre as forças vivas do país, mas é preciso ter paciência", afirma um funcionário público guineense.

"A situação política guineense, para mim, está muito conturbada. Está tudo muito confuso e a população está cansada de tudo isso", lamenta uma estudante.

PAIGC reclama formação de novo Governo até 22 maio