Sete anos depois Lichinga recebe comboio de mercadorias
16 de junho de 2017Esta é a realização de um sonho para o povo do Niassa, em Moçambique. Às 12h em ponto desta sexta-feira (16.06), quando o comboio de mercadorias apitou na estação da cidade de Lichinga, provocou muita alegria no seio da população, que acorreu em massa para assistir ao evento.
Constituído por 15 vagões, cada um com capacidade para transportar quarenta toneladas, este comboio de mercadorias transportava produtos alimentares, materiais de construção e combustível.
Em entrevista à DW África, Sérgio Paúde, porta-voz do Corredor de Desenvolvimento do Norte, explicou que foram transportados "cinco vagões de cimento e igual número de trigo, dois vagões de sal, um vagão de arroz e dois vagões tanques de combustível com 60 mil litros de combustível da Petromoc”. O mesmo responsável acrescentou: "Temos carga de retorno sim, estamos a negociar com agentes económicos daqui de Lichinga e eles já prometeram uma carga. Estamos, neste momento, a mobilizar para levarmos para Cuamba, Nampula e Nacala”.
Recorde-se que o último comboio de mercadorias circulou naquele troço em 2010. A circulação de passageiros e, agora, de mercadorias, ganhou força com a reinauguração da linha férrea Cuamba-Lichinga, com cerca de 262 quilómetros de extensão, feita pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em novembro de 2016. A perspetiva da empresa é agora facilitar o comércio, cada vez maior, no Corredor de Nacala.
António Mateus, diretor provincial de Transportes e Comunicações do Niassa, assegurou que a província vai utilizar este novo meio de transporte para escoar os seus excedentes para vários destinos. "Existe muita produção, muita carga para movimentar por via ferroviária, daqui a Nampula, Nacala, e para vários destinos onde os agentes económicos e os produtores podem vender os seus excedentes agrícolas. E não só para a parte da produção agrícola, daqui a pouco vai iniciar a colheita da floresta artificial, o que vai precisar de muito movimento de transporte ferroviário – tanto para a carga de madeira processada,como para a não processada”, explica.
População satisfeita
Alguns munícipes de Lichinga ouvidos pela DW África, na altura da chegada do comboio, consideraram que esta é uma nova era nas suas vidas e que vai possibilitar a redução dos custos dos produtos de primeira necessidade. Armindo Vasco, residente na província, acredita que "com a reintrodução do comboio de mercadorias, os preços dos produtos básicos vão baixar”. Uma opinião partilhada também por Atija Saíde. "Estamos agradecidos por este transporte que nos vai ajudar em muita coisa, como por exemplo, a construirmos”, deu conta.